sábado, 21 de abril de 2012

Aprendendo com os filhos

Diariamente eu me sinto muito feliz com a quantidade de coisas que eu aprendo com o Serginho. Não são aprendizagens com respeito a maternagem ou quanto a relação pessoal que envolve pais e filhos. São aprendizagens relacionadas principalmente a cultura, globalização, religião, raças, conceitos. Parece esquisito porque quem teria que estar ensinando e não aprendendo sou eu, mas é bem ao contrário.

As vezes eu me sinto até meio deslocada porque se você perguntar quais são as minhas músicas preferidas talvez eu diga que é alguma do Legião Urbana, mas sinceramente não consigo relacionar algum tipo específico de música para chamar de minha. Ao contrário dele que dá uma aula de jazz, blues, rap,e muitos outros tipos de sons que poderiam ser contradizentes por si próprio, mas que fazem na cabeça dele um universo muito mais   amplo do que o meu universo musical. Nós adoramos sair de carro com o Serginho no comando do som porque é certeza de muitas músicas boas. E quando digo boas são das mais variadas possíveis. Algumas não fazem o meu estilo musical, mas é interessante saber que existem, quem canta, a história da banda e tudo isso é conhecimento fornecido gratuitamente por ele.

Poderia ser algo normal já que adolescente adora música e é muito mais antenado do que outra geração. Mas não se trata apenas de música, esse universo passa por filmes também. Enquanto eu estou mais para uma saga Crepúsculo ele já está para Stanley Krubick. O que me faz sentir totalmente desaculturada, porém eu encaro com uma oportunidade para aprender mais.

É claro que isso também tem relação com a oportunidade cultural que ele vivencia, enquanto a minha foi muito mais limitada. Eu nunca tive aula de filme, drama, não estudei renascentismo em Florença como ele. O que me faz ser ainda mais grata pela oportunidade que ele tem diariamente por morar na Europa e pelo convívio diário com gente de toda raça, cor, credo, o que faz com que para ele seja muito mais fácil aceitar todo tipo de diferenças culturais.

Eu me lembro que a minha mãe gostava muito também do meu gosto musical e por eu sempre falar tudo o que aprendia para ela. E se eu já acho que não tive tantas oportunidades, ela teve muito menos. Nasceu numa família muito pobre, filha de uma empregada doméstica que ficou viúva quando minha mãe tinha 4 anos de idade e  tendo 12 filhos para criar e ainda por cima grávida da última filha. Passaram muita fome e minha mãe praticamente não frequentou escola porque tinha que cuidar da minha tia mais nova. Teve uma sorte muito grande de ter encontrado meu pai, filho de uma família mais classe média, filho de uma professora e de um dono de marcenaria. Casaram, pois ela estava grávida de mim. E vivem juntos nos últimos 38 anos.

E se ela aprendeu comigo muita coisa, eu aprendo com o meu filho. E acho sinceramente que aí está a verdadeira evolução: quando nossos filhos são melhores do que nós, quando sabem mais e tem mais oportunidade na vida. Espero sinceramente que a cada geração se tornem pessoas melhores não só para si mesmos, mas também para a sociedade. Utopia não. Só desejo.