Tenho pensado e refletido muito nos últimos dias. Não por falta do que fazer, já que a nossa viagem transatlântica está se aproximando e tem muita coisa para ser feita até lá. Mas acho que é um estado emocional mais aflorado talvez por culpa do inverno que se aproxima.
Esses dias eu revivi a época que terminou a licença maternidade do Serginho. No dia que ele estava fazendo 4 meses, aquele pequeno ser que só mamava no peito e não tinha idéia de que a mãe ficaria todo dia, mais de 12 horas longe dele. Que período horrível. Não que a volta da licença maternidade seja para todo mundo assim, mas para mim, de longe foi um dos piores momentos da minha vida. Descontente com o serviço que eu fazia, minha angústia só aumentava cada vez que ligava para a minha irmã e ouvia aquele ser pequenininho chorando e sendo obrigado a tomar mamadeira e comer papinha antes da hora em que estava pronto para isso.
Ainda que eu tinha na época a ajuda da minha irmã que foi babá full-time dele até os 2 anos de idade e morava a menos de 2 quilômetros da casa da minha mãe. Então ele tinha o melhor cuidado, depois do meu.
Daí me encontro hoje em dia sem a loucura de um dia-a-dia profissional. Sem trabalhar sobre pressão, não tendo que entregar metas, sem gerenciar pessoas, sem fazer com que os funcionários façam aquilo que eles mesmos consideram impossível. Deixando de ter que lidar com tipo de pessoa, desde os mais gentis até aqueles mais detestáveis. Sem ficar noites sem dormir preocupada com a reunião do dia seguinte, com o cliente que estava prospectando, com os negócios que surgiriam ou não. Sem estar ansiosa ou feliz com o bônus que estava chegando, sem pensar na minha avaliação semestral. Nada.
Eu me permito sentir saudades desse tempo, mas sinceramente não troco a melhor época profissional pelo que sinto hoje em dia.
Todo dia tenho uma emoção diferente. Um beijo antes roubado, hoje é dado. A emoção de ver essa criaturinha tão pequena dando os primeiros passos. Os barulhos, as falas, os risos, a felicidade ingênua e tão sincera. A reação a uma comida diferente.
A emoção de ver como o Serginho está crescendo. Uma nota boa, outra nem tanto. O gosto de ficar com os pais, numa fase em que os demais estão se distanciando a cada dia.
Perceber que somos uma família. E como família temos os nossos problemas, mas estamos juntos encontrando as soluções.
E principalmente feliz em conseguir perceber isso. Conseguir ver a felicidade nesses pequenos gestos, nas pequenas conquistas. Ter tempo e maturidade para saborear essa felicidade diferente. Para isso não há bônus no mundo que pague.
Bjs
Lu