terça-feira, 8 de novembro de 2011

Torre de Babel

Quando estou no Brasil e falo para alguém que moramos fora, a primeira questao que surge é sobre qual língua nós falamos. Muitos acham que a gente fala austríaco. Eu ficaria bem contente se conseguisse falar alemao, hehe. Sério. Pode parecer meio sem contexto, mas imediatamente as pessoas associam que se moramos fora nao falamos mais o portugues. Eu me lembro que no ano passado estava fazendo uma compra numa loja de sapatos quando a dona chegou e me disse: "ah, voce é filha da D. Vera que mora na Austria né?"... conversa vai, conversa vem ela me solta isso: "nossa deve ser complicado voce falar portugues de novo, né. Inclusive voce já está com dificuldades de falar o portugues". Gente, ok que as vezes as palavras somem. Mas branco dá em todo mundo, né. Bom, pelo menos o "branco" na lingua materna nada mais é do que uma falha pequeninha entre o que a cabeca quer falar e o que a boca efetivamente consegue.

E agora o que falar do branco que surge quando voce tenta falar a segunda ou terceira língua? É exatamente o que acontece comigo quando acaba minha aula de alemao. Simplesmente o ingles fica completamente comprometido. Eu misturo ingles com alemao numa mistura em que nao sai nem ingles nem alemao. Eu poderia simplesmente nao falar mais ingles, mas meu alemao ainda está muito básico para isso. Com os professores durante as aulas até consigo fluir numa conversa, mas isso porque eles conhecem o meu nível e quais palavras eu sei do vocabulário. E na pior das hipóteses quando nao sei o que quero dizer em alemao, falo em ingles e eles me explicam em alemao. Mas na vida real nao dá para pedir para as pessoas falarem mais devagar e pedir para ficar repetindo tudo. Isso é o que dá aprender o segundo ou terceiro idioma depois de adulto, melhor dizendo, depois dos trinta.

Interessante o que está acontecendo com a Mariana. Ela ainda nao domina o portugues obviamente e simultaneamente está aprendendo alemao e ingles na escolinha. Antigamente ela dizia bye-bye quando se despedia, agora ela fala "tchuss", ou "ba bá" como eles falam por aqui. Eu nao optei por essa escola por ser bilingue, muito pelo contrário, até preferia que fosse somente em alemao, pelo nosso bem (meu e dela). Mas uma coisa que aprendi por aqui também é que escola boa é escola perto. Nao adianta ser a melhor e longe porque no inverno fica complicadíssimo e com certeza a preguica vai bater. E como a escola é excelente e perto de casa, acabou atendendo todos os requisitos.

Como a Mariana ainda nao tem vocabulário para dar "branco" simplesmente ela inventa. Assim que ela sai da escola ela fala um idioma dela. Nao é portugues, nem alemao e muito menos em ingles. Ela canta, fala, brinca no Marianes. Depois da soneca ela volta ao modo portugues. Muito interessante. Mas o que acho incrível e que ela consegue prestar atencao nos desenhos independente da lingua que está sendo falado. Pode ser apenas pela imagem, mas muitas vezes nem chamam tanto a atencao, mesmo assim ela está observando.

Outra coisa é a pronúncia. Ela tem uma amiguinha na escola que se chama Anna. Ela nao pronuncia o primeiro A com som nasal e sim com o som aberto assim como eles pronunciam aqui.

Imagino como fica a cabecinha dela no meio de tantas línguas, pronúncias, culturas e costumes diferentes. A parte boa disso é que ela será bem mais adaptada as culturas e poderá absorver mais os costumes de uma forma mais rápida e menos sofrida do que é para mim que morei a vida inteira no Brasil. Bom, pelo menos eu espero que sim.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Blogueira de cama, mesa e banho

Eu nunca tive e ainda nao tenho grandes pretensoes com o blog. Na verdade tudo comecou quando estava grávida e comecei a procurar informacoes sobre gestacao e desenvolvimento do bebe. No alto da minha ignorancia eu mal sabia o que era um blog e muito menos que qualquer pessoa poderia ter um.

Esses tempos atrás dei uma olhada nos meus primeiros posts e Jesus, como eu era chata. É claro que os tempos mudam e os interesses consequentemente também, mas basicamente durante minha gestacao eu só fiz reclamacoes. Tudo estava relacionado a dormir e comer. Ou melhor, sobre a falta ou excesso das duas coisas.

Depois a Mariana nasceu e o blog deveria ter mudado de nome. Deveria ter passado a se chamar: Aventuras da Mariana na Europa. Por um bom tempo ela foi o centro de todas as atencoes. E o mais incrível é que ela era realmente o centro das atencoes nao só para mim, mas para as pessoas que me visitam. Várias vezes eu fiz um tipo de teste: escrevia alguns posts de fato muito interessantes para mim e pensando nas pessoas que poderiam me visitar no blog como algumas dicas de viagens, dicas daqui de Viena, assuntos menos maternais e adivinhem: poucas visitas e poucos comentários. Daí eu postava uma fotinho bonitinha de alguma arte da pequena e adivinhem: chovia comentários. Nao que eu nao goste de que prestigiem a boneca, mas isso foi gerando uma certa preguica de escrever algo mais elaborado.

Eu nao sou uma pessoa que tem opinioes formadas sobre todos os assuntos do mundo. Muito pelo contrário. Adoro quando descubro algo novo, ou mudo meu pensamento porque ouvi uma versao melhor daquilo que eu achava como sendo verdade. Aliás, verdade para mim depende muito do ponto de vista de cada um e dentro da medida do possível respeito todos os tipos de verdades. Posso nao concordar as vezes, mas respeito.

Porém essa coluna do meio me transforma numa pessoa com pouca variacao de assuntos, ou melhor, nao que nao exista assunto para discutir, mas por diversas vezes receio escrever algo que possa ser mal interpretado ou que possa de alguma forma ofender qualquer pessoa. Digamos que eu tenho "papas na língua". Um certa vez, por exemplo, eu escrevi sobre uma celebridade que mal tinha parido estava sambando no carnaval, coisa de 2 meses após o nascimento da crianca. Na minha opiniao aquilo era um absurdo e comentei que deixar o filho com babá após o nascimento para sair no carnaval para mim era inconcebível. E aproveitei e critiquei de forma bem leve quem assim o faz. Pois nao é que teve gente comentando que certa estava a tal celebridade e que eu estava sendo invejosa. Enfim, eu nem falei tudo o que penso a respeito disso e teve gente que se ofendeu, agora imagina se eu resolvo polemizar.

Mas o fato de nao escrever nao significa que eu nao penso. Alias todos os poucos momentos que estou "livre" eu sigo pensando. Esses momentos de liberdade geralmente acontecem no banho, quando estou insone ou quando estou cozinhando. A imaginacao corre longe e os assuntos mais importantes do mundo sao debatidos comigo mesma. Se sobrasse um pouco mais de tempo quem sabe eu nao conseguiria debater com as minhas amigas virtuais. Só que eu preciso escolher entre escrever ou fazer. E geralmente o "fazer" é mais urgente, mais necessário, mas nem sempre é o que faz mais bem.

Mas paciencia. Aos poucos eu apareco, aos poucos eu escrevo e aos poucos eu visito as amigas. Voces prometem que ainda vao gostar de mim, né?

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Ah, só um Update na dieta para quem está curioso: até agora perdi 2,5 kg. Sigo sem passar fome, mas tem dias que fico enlouquecida por um doce. Já tive dias que burlei o cardápio (hoje por exemplo) e depois eu tento compensar nos exercícios ou nas próximas refeicoes. Já passei por 3 aniversários, um inclusive do marido e 1 confraternizacao de lancamento de um livro. Amanha tem uma feijoada no escritório do marido e pra quem nao entende a importancia do evento é só imaginar que faz pelo menos 2 anos que nao como uma feijoada que nao seja enlatada. Vou tentar me controlar, vamos ver se consigo. Sigo animada e quero tentar fechar o mes de Novembro seguindo o regime. Porque Dezembro tem Brasil, pao de queijo, papaia, queijo branco, pao frances e tudo o que voces já sabem.