segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Questões polêmicas - isso pode, aquilo não pode

Quem me conhece sabe bem que eu não sou radical em relação a nada nessa vida. Muito pelo contrário não gosto de posicionamentos do tipo, só pode isso ou não pode aquilo. Não que eu sempre fui assim tão liberal, mas a experiência de mãe foi me transformando. Quando o Serginho era bebê exagerei em diversos cuidados e hoje sou bem relax com a Mariana. Por exemplo, nunca nessa vida o Serginho chegaria perto de um animal de estimação com a idade da Mariana. Como hoje temos um animal em casa ele é a principal atração e a principal vítima da Mariana. É claro que tenho mais trabalho para manter a casa sempre limpa, até porque o Pepe solta pêlos e não quero encontrá-los na boca dela, mas isso não impede que ela brinque com ele.

Outra coisa é relação as papinhas. Com o Serginho eu tratava papinha Nestlé como veneno dos infernos, totalmente proibido, assim como seria minha idéia proibir também refrigerante, balas, e biscoitos recheados. Sim, proibí. Até a hora que ele aprendeu a comer esse tipo de alimento e achou interessante. E acreditem, uma hora ou outra eles vão experimentar e gostar ou não muito provavelmente não vai depender da educação que você deu em casa. Não estou dizendo que você não deva ter hábitos saudáveis, mas é que mesmo com os melhores hábitos possíveis dificilmente os seus filhos vão escapar de comer de vez em quando sanduíches, refrigerantes e demais bobageiras. Por exemplo, dificilmente compro refrigerante para ter em casa porque sei que se tiver, invariavelmente o Serginho vai tomar. E daí entra o bom senso, refrigente pode, mas não sempre.

Com a Mariana diversas coisas são bem diferentes do que com o Serginho. Começando com a amamentação que embora tenha sido com a mesma mãe que vos fala, foi praticamente como se tivesse entrado em cena uma bem diferente. De vaca passei a ser uma ovelha, com leite, mas nem tanto assim. Daí entrou o leite artificial e logo em seguida as papinhas. Como indicação única do pediatra velhinho: papinhas só as compradas. Não se faz comida para bebês em casa. Aqui na Áustria isso é tratado como algo ultrapassado e até perigoso, pois quem é que sabe o que está cozinhando? Mesmo quando eu informei que praticamente 80% do que consumimos em casa são produtos com selo Bio, ainda sim ele se manifestou contrário. É óbvio que eu nem liguei. Hoje 50% da alimentação da Mariana é industrializada e 50% feita em casa. Porque eu quero que ela aprenda a gostar de todos os sabores. Não quero ser refém da cozinha, mas quero que ela aprenda a comer aquilo que nós mesmo comemos. Ela é cidadã do mundo. Hoje estamos na Austria, amanhã poderemos voltar para o Brasil ou ser expatriados para outro lugar. Por isso o paladar tem que se acostumar com tudo. Já pensou se eu volto para o Brasil e ela só quer comer papinha da Hipp? O que eu faço, mando importar? Jamais. Papinha industrializada pode, mas se você puder fazer em casa, ótimo.

Outra questão é o uso do andador. Muitos médicos e fisioterapeutas são absolutamente contrários ao uso desse acessório e informam que além de ser um atraso na vida do bebê é extremamente perigoso. Concordo, mas em partes. Creio que realmente pode ser um problema para a criança que fica boa parte do dia no andador, mas não vejo problema nenhum colocá-la em momentos em que você precisa fazer alguma coisa, já que o andador proporciona alguma liberdade também para a criança. Usei com o Serginho e ele aprendeu a engatinhar aos 7 meses, nunca teve as pernas tortas por ter usado e saiu andando um dia antes do aniversário de um ano. Mais uma vez acredito que o bom senso prevalece. Andador pode, mas não o tempo inteiro.

É óbvio que não vou ensinar a Mariana falar palavrões, mas alguém tem alguma dúvida de que essas serão uma das primeiras palavras que ela vai aprender? Não se esqueçam que o irmão é adolescente e sabe falar muitos palavrões em pelo menos 10 línguas (ele estuda em escola internacional e a primeira coisa que eles perguntam uns aos outros é como se fala tal palavrão na língua de cada um). Agora me diga, adianta eu me descabelar toda porque não quero que ela aprenda isso? Amordaço o irmão para que ele não fale? Ou ensino carinhosamente que isso não pode falar (mesmo com o irmão falando, oh my God...). Palavrão não pode, não dê ouvidos ao seu irmão.

Tive a sorte de poder ter dois partos normais apesar de que totalmente diferentes um do outro. No do Serginho foi um parto normal com anestesia e epiotomia. Da Mariana um parto natureba, mais humanizado impossível. Quase um parto estilo Gisele Bundchen, minha amiga também de desfralde aos 6 meses. Só não foi na água porque me deu agonia aquela banheira e eu precisava de ação naquele momento. Um parto em pé, sem episiotomia, com o pai cortando o cordão umbilical (detalhe sem roupas de centro cirúrgico, com a roupa que usava antes e com os sapatos cheios de neve), com a Mariana no meu colo e mamando em seguida. E se você me perguntar qual na minha opinião foi melhor eu diria que cada um teve alguma coisa boa. Primeiro o do Serginho acho que anestesia é uma condição indispensável para mim. Sofri demais no parto da Mariana e acho que fazer sem anestesia foi um sofrimento totalmente desnessário. Não sou mais mãe dela do que sou do Serginho porque senti tudo e dele sofri menos. Também acho que se estivesse no Brasil o parto da Mariana seria uma cesárea porque demorou muito para ocorrer a dilatação e o parto só foi possível graças ao excelente trabalho e experiência das doulas, coisa que seria difícil encontrar no Brasil. E se fosse uma cesárea também eu não seria menos mãe para ela do que fui para o Serginho. Se o radicalismo tanto na defesa do parto normal como no direito a escolha da cesárea for levado tanto a sério, daqui a pouco chegaremos a conclusão que a mulher que adota não é mãe, pois não foi preparada para ser mãe pela gravidez ou pelo parto normal. Cesárea pode, mas se você quiser e puder um parto normal, melhor.

Sabe o que realmente não pode? Radicalismo, ser xiíta com os seus pensamentos, obrigar as pessoas a fazer o que você acha certo mesmo contra a vontade delas. O resto pode, mas use com moderação.

Bjs

Lu

12 comentários:

  1. Parabéns Lu! Pela clareza das ideas e pela defesa da liberdade de opiniões! Cada um tem seus filhos, amamenta e cria da maneira que quiser. Concorde a gente ou não! Viva a liberdade! Bjos

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  2. Muito bom post, Lu. Que loucura essa história das papinhas. Os hábitos são bem diferentes mesmo, né? Mas concordo com você, tem que variar os sabores. E gostei do equilíbrio que você encontrou.
    Por mais que eu ache as papinhas Nestlé muito erradas (têm sal, gordura saturada, água e são completamente trituradas, não estimulando em nada a mastigação), eu adoraria que eles tivessem mais sabores sem carne, pra eu poder oferecer de vez em quando à minha filha.
    Hoje por exemplo tive de fazer a papinha da Emília com ela no sling, mexendo com fogo e faca, pense que perigo. Ela só queria ficar no colo e eu tinha que temperar a bendita papa. Se tivesse uma nestlé no armário, seria uma boa ocasião para usá-la.

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  3. Lu,
    adorei o texto. Tbm tento nao ser radical com nada, como vc disse em um momento ou outro eles crescem e vao tomar as suas próprias decisoes. Acho que essa coisa de proibir acaba aticando a curiosidade deles e deixar tudo que eles querem é péssimo para a educacao. O melhor entao é usar o bom senso e prezar o equilibrio. Claro que nem sempre a gente consegue, mas tentar a gente tenta.
    Beijos

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  4. Excelente post, Lu, concordo que radicalismo é atraso de vida. Eu sempre quis parto normal, até troquei de médico pra isso, pois no Brasil está se tornando coisa rara. E o meu médico me disse na primeira consulta que era super prato normal de carteirinha, mas sem radicalismo, se na hora H ele falasse "ferrou, é cesárea" é porque era. Assim comecei a abrir minha cabeça pra outras opções.

    Quero evitar algumas coisas, como que ela coma açúcar, mas não quero criar com proibição total, porque especialmente em relação a comida, tudo que a gente proibe vira fetiche. Eu tive um namorado que foi criado super proibido de comer "besteiras" e ele tinha orgulho de dizer isso. Mas a gente saía ele pedia uma salada e suco, eu pedia hamburguer, batata e coca-cola. E ele sem ver ia comendo e bebendo da minha comida, beliscando aqui e ali, porque morria de vontade mas era reprimido. Deus me livre criar minha filha cheia de coisa mal resolvida assim, rs.

    A Isabella vou alternar papinha caseira e industrializada igualzinho vc, justamente para expoir a muios sabores e texturas. Mas acho que o esquema papinha aqui na Europa é diferente do Brasil, por isso as mães de lá costumam ser mais xiitas. Sem contar o preço lá, que torna o produto impraticável para muitas.

    O andador eu também pensava que não podia, mas a pediatra da Isabella o Brasil falou pra minha irmã usar com meu sobrinho por alguns minutinhos por dia que não tem problema. Mas sempre supervisionado, claro, pois o maior perigo não é perna torta (se usado com moderação), mas quedas.

    Enfim, a gente vai aprendendo, espero no próximo filho estar mais relax e ter aprendido muitas lições, como vc.

    Beijos

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  5. Nossa... onde que eu assino embaixo?

    A-DO-REI esse texto e penso assim tb: nada de radicalismo.

    Já ouvi muitas mães tb falarem de achar péssimo oferecer papinhas congeladas.

    Ahhh... e qdo isso vem pra facilitar a vida da mamãe que trabalha fora?

    Claro que isso na será sempre. Assim como não é sempre pra gente. Mas uma hora ou outra descongelar uma papinha, oferecer uma papinha industrializada. Poxa, pode sim senhora.

    Abaixo o radicalismo!!!!

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  6. Concordo com voce nao da para ser radical, voce tem toda a razao.
    Eu particularmente acho um saco aturar essas/esses xiitas de parto, amamentacao, politica, etc

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  7. Penso que realmente é chato, mto mto chato querer colocar nossas ideias na cabeça dos outros ou faze-los pensar como a gnt, blééé. PERO, por outro lado se eu sou xiita com alguma coisa, acho q deveria ter minha opiniao respeitada, e que seguissem as regras q coloco serah q nao? gostaria q fosse assim :) hehehehe bju!

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  8. rsrsrs
    O bom senso é td com certeza.........
    ai...parto normal...........ñ tenho coragem, mas admiro quem tem.
    bjokas!

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  9. Oi Lu,

    Não tenho filhos e nem planejo tê-los, quem sabe um dia eu mude de ideia, não é?!

    Achei seu texto lindíssimo, apesar de eu ter pouco conhecimento de causa. Parabéns!

    Eu andei vendo uns fóruns de algumas comunidades do Orkut sobre parto e maternidade, e, sinceramente, me deu medo de ver como algumas pessoas se machucam, se xingam, se desrespeitam porque uma pensa que sabe mais do que a outra, e portanto não consegue aceitar que pessoas pensem de formas diferentes.

    Eu acho que quando a gente acha que é dona do mundo e não consegue olhar para o lado, a gente perde muito por deixar de ver tantas outras opções/opiniões/escolhas à nossa disposição.

    Abraços!

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  10. Lu , concordo em genero numero e grau. Quer saber? vc tem que fazer o que acha certo! bjs

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  11. O título do post me chamou a atenção e que bom q eu li, concordo plenamente!! Muita sabedoria! Abraços!

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